É engraçado notar como cada família tem seu estilo, seus modos, suas formas de agir, lidar e pensar. Cada ser humano adquire sua personalidade dentro de cada família, pelos hábitos, pela cultura e pela forma de se relacionarem. Isso fica nítido quando passamos a observar as pessoas e suas rotinas.
Pela minha formação, cresci gostando de viagens, de parque, bonecas nem tanto (essa parte nem a influência conseguiu dar conta), presentes, mas de uma forma diferente do que qualquer criança. Eu gostava de uma forma mais forte, mais intensa, mais minha. Porém, também pela minha formação, não aprendi a gostar muito de passar horas lendo livros, mas sim gastar horas na frente da televisão. Pela minha formação, não aprendi a gostar de certas cidades ou países, mas sim gostar de outras cidades. Devido a minha formação, aprendia a ser eu mesma, a seguir meu caminho, a criar meu próprio gosto e sentimentos. Algo que não é tão racional mas que eu desenvolvi de uma maneira tão diferente dos meus pais, talvez com um pouco de cada um elevado ao cubo várias vezes. Não sei explicar como podemos ser tão iguais mas ao mesmo tempo tão diferentes dos nossos educadores. Queria que muitas coisas fossem diferentes, mas se não são é porque não eram pra ser. Eu cresci sendo eu, e tudo que vivi, que sou e que faço, é devido a quem eu sou, eu real e eu verdadeira. Sem farsas, sem mudanças, sem figurinos, apenas Tati Conradi.
Na vida, continuamos mudando e evoluindo. De uma certa idade pra frente, algo que é variável de pessoa pra pessoa, começamos a tomar nossos próprios rumos, lidar com nossos próprios problemas, viver nossa própria vida. Eis que muitas vezes reviramos o passado para tentar entender o porquê de todas as novas coisas que vêm acontecendo. Novos sentimentos. Novas sensações. Novas ameaças. Ah, PAIS. Queria ser mais parecido com vocês do que eu imagino ser! Queria absorver suas palavras e levá-las para a vida toda como num passe de mágica, sem muitas dificuldades. Mas falar é tão simples perto do viver. Pessoas passam pelas nossas vidas deixando seus rastros, e deixando sempre sua marquinha. E é desses rastros e marquinhas que eu tenho medo e continuo vivendo ansiosamente a vida. Sem medo de ser feliz, mas ansiosa para que eu possa ser cada vez mais feliz.